Saúde
Residentes de cirurgia geral do HE/UFPel planejam nova greve
Médicos cobram soluções para a falta de anestesistas e número reduzido de procedimentos
Foto: Carlos Queiroz - DP - HE enfrenta falta de anestesistas desde setembro
Por Helena Schuster
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)
A partir de sexta (20), está prevista uma nova greve dos residentes em cirurgia geral do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel). Em novembro do ano passado, os médicos já haviam feito uma paralisação. A reivindicação segue a mesma: solução para a falta de anestesistas e para o número reduzido de procedimentos realizados. A expectativa dos profissionais é manter a greve até que uma decisão definitiva seja tomada para resolver os problemas.
Desde setembro, com o fechamento da Residência em Anestesiologia da UFPel, o HE enfrenta a falta de anestesistas para realizar cirurgias na instituição. Para um dos residentes, a situação chegou a um ponto insustentável. "Está bem complicado. Já tivemos várias reuniões com a Comissão de Residência Médica (Coreme) e com a direção do hospital. Eles nos prometeram várias coisas que não estão acontecendo, como a contratação de anestesistas." Segundo o médico, que não quis ser identificado, o hospital segue sem novos anestesistas e a residência se encontra em situação precária. "Extrapolou todos os limites aceitáveis de uma instituição de ensino. Não só pela nossa formação, mas pelos pacientes que precisam de nós e a gente não pode ajudar."
A paralisação deve mobilizar oito residentes dos primeiros dois anos do programa. Segundo um deles, a greve foi informada à direção do hospital e também aos órgãos responsáveis pelos programas de residência. O HE, contudo, nega ter recebido comunicação oficial sobre a paralisação, seja por parte dos médicos residentes ou de seus representantes. A instituição afirma ainda que mantém contato com os médicos residentes, seus preceptores e supervisores e que, em reunião no dia 12, não houve qualquer informação sobre o assunto.
Vistoria
Os residentes dizem aguardar considerações dos órgãos responsáveis sobre a situação do HE. Na próxima terça-feira, a pedido da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), a Comissão Estadual de Residência Médica (Cerem) realizará uma visita de avaliação das atividades do programa de residência em cirurgia geral. Segundo um dos médicos, o grupo está incerto em relação ao futuro e espera que a visita da Cerem resulte em decisões concretas. "No meu ponto de vista, existe uma chance de fechar a residência. Não tem como ficar mais tempo patinando, sem fazer cirurgia, perdendo tempo e prejudicando nossa formação e os pacientes", avalia.
Através da assessoria de imprensa, o Coordenador da Coreme, Daniel Brito de Araújo, confirmou que a vistoria do Conselho visa avaliar as condições do programa de residência. Araújo indica que, a partir da visita, pode ser determinada readequação ou encerramento do programa, hipótese que a Comissão espera não ser necessária.
Dados sobre procedimentos
Os residentes reclamam também sobre os dados informados pelo HE quanto às cirurgias realizadas. Ao Diário Popular, em reportagem publicada na última segunda-feira, o hospital afirmou que 72 procedimentos foram realizados entre 23 de dezembro e 10 de janeiro. Os médicos contestam essa informação. "O número de cirurgias realizadas não chega nem perto disso", argumenta um dos residentes. "Esse número é incompatível com a realidade. A gente não entendeu porque eles passaram essa informação", comenta outro profissional.
Através da assessoria de imprensa, o HE informou que a contabilização de procedimentos contempla cirurgias com anestesia de diversas especialidades, inclusive as que fazem parte da grade de formação do residente de cirurgia geral.
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